Os adjetivos para classificar o tufão Haiyan parecem desajustados quando se trata de descrever o grau de destruição que se abateu sobre as províncias de Leyte e Samas, nas Filipinas.
Os peritos falam naquele que terá sido o mais forte ciclone tropical de sempre, com ventos que chegaram aos 379 km/hora. O número de mortos confirmados é superior a 3600, mas as Nações Unidas estimam que só na cidade Tacloban, na ilha de Leyte, podem ter perecido dez mil pessoas.
A ONU já lançou um apelo à ajuda internacional. Para a reconstrução serão necessários 225 milhões de euros.
Situado no chamado Anel de Fogo do Pacífico, onde ocorrem 80% dos sismos do planeta, o arquipélago é um dos países mais propensos e vulneráveis à ocorrência de desastres e catástrofes naturais. Só no ano passado, foi o país que perdeu mais população fruto de tempestades, 2400 pessoas.
Quase 4000 mortos nas Filipinas, mas a incerteza dos números ainda domina
Ao caos que se abateu sobre as Filipinas na sequência do tufão Haiyan junta-se a confusão acerca das estimativas sobre o número de mortos. Esta sexta-feira, as autoridades de Tacloban, a cidade mais afectada pela catástrofe, revelaram que o tufão terá feito 3621 mortes, o que representa um “salto” de mais de mil vítimas desde as últimas estimativas da presidência.
É num quadro branco na Câmara Municipal de Tacloban que está inscrito o número negro das mortes provocadas pelo Haiyan: 3621, de acordo com a BBC. A princípio julgava-se que a estimativa abrangia apenas a região, mas, horas depois, o presidente da câmara, Alfred Romualdez, esclareceu que se tratava de um cálculo global para todo o país, escreve a Reuters.
Um relatório das Nações Unidas contraria a contagem das autoridades filipinas e aponta para 4460 mortes. O porta-voz do Centro de Redução e Gestão de Riscos das Filipinas, Reynald Balido, questionado pela AFP, afirmou que os números avançados pela ONU “não são verdadeiros”.
A discórdia quanto ao número de vítimas começou logo após o desastre, quando foi revelada a possibilidade de terem morrido cerca de dez mil pessoas. O anúncio foi feito pelo chefe regional da polícia, Elmer Soria, quando ainda se encontrava em choque com a catástrofe. Entretanto, Soria foi mesmo removido do seu posto.
“O superintendente Soria e muitos outros dos nossos oficiais da polícia regional passaram por maus bocados nos últimos tempos e por aquilo que podemos chamar ‘uma reacção extrema ao stress’”, explicaram fontes ouvidas pela AFP.
O Presidente das Filipinas, Benigno Aquino, tem sido acusado de tentar minimizar os efeitos do tufão, num momento em que é alvo de críticas pela demora na assistência à região e por não ter tomado medidas preventivas. No início da semana, Aquino revelou que o número de mortos deveria situar-se entre os 2000 e os 2500, um número que entretanto já foi ultrapassado.
As marés trazidas pelo tufão Haiyan, que passou pelas Filipinas há uma semana,arrasaram a região de Tacloban. A destruição tem dificultado o acesso a algumas zonas, atrasando a chegada de ajuda e a contagem das vítimas. Passaram-se vários dias até que as primeiras valas comuns para enterrar os mortos fossem abertas, o que tem causado preocupação devido à propagação de doenças.