Os funcionários públicos de São Bernardo terão ao lado de sua mesa de trabalho, a partir do dia 10 de julho, uma caixa azul especialmente destinada a recolher o papel que não é mais usado nas unidades de trabalho. São mais de 2.000 contêineres sem tampa com a logomarca do Projeto Lixo e Cidadania que destinará o material coletado para as Associações dos Catadores dos dois Centros de Ecologia e Cidadania do município.
A iniciativa irá revitalizar a campanha Vou Reciclando um mundo melhor, realizada desde 10 de junho de 2002, nos órgãos públicos da cidade, que está recolhendo uma média mensal de 18 toneladas de lixo reciclável, quase todo reaproveitável, composto por papel, metal, vidro e plástico.
O custo das caixas coletoras é de R$ 39 mil financiados pelo Programa Morar Melhor – Ações Resíduos Sólidos, da Caixa Econômica Federal em parceria com a Prefeitura Municipal.
Junto com a caixa, o funcionário receberá orientações para a coleta do papel, dentro da concepção dos três erres: Reduzir o consumo de papel ao máximo para também reduzir o volume de descarte; Reutilizar o papel usado, transformando-o, por exemplo em blocos de notas, e utilizando também o verso e separar todo o papel usado que for possível, sem sujar, amassar ou molhar para a reciclagem.
Os papéis depositados na caixa coletora serão retirados por um funcionário da limpeza e levados para estocagem e posterior coleta seletiva. O material coletado será encaminhado e doado aos Centros de Ecologia e Cidadania da Prefeitura, construídos para a inclusão sócio-profissionalizante de 57 famílias de ex-catadores de rua e do Lixão do Alvarenga, das Associações Refazendo e Raio de Luz, que hoje integram, gerenciam e dividem o que arrecadam com a venda do material separado para reciclagem.
Lixo e Cidadania
O Programa Lixo e Cidadania, implementado no município em 1998, para a erradicação do trabalho infantil no Lixão do Alvarenga, é coordenado pelas Secretarias de Desenvolvimento Social e Cidadania e de Habitação e Meio Ambiente e desenvolvido pelo Grupo Técnico Executivo com representantes de todos as Secretarias e autarquias do Município.
O programa é vinculado ao Fórum Nacional Lixo & Cidadania – Criança No Lixo Nunca Mais, constituído pelo UNICEF, Ministérios e outros órgãos federais, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Instituto Polis – Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais.
Em São Bernardo, o foco do programa foi o Lixão do Alvarenga, fechado em julho de 2001, um dos maiores da América Latina, com uma área de 40 hectares, que funcionou por mais de 30 anos.
Antes do fechamento do Lixão a Prefeitura estabeleceu parcerias com a Universidade de São Paulo (USP) e o Sebrae, para capacitar as famílias de ex-catadores, através de cursos para o aprendizado da reciclagem de lixo. Também foram firmadas parcerias com os empresários e a comunidade que contribuem como voluntários ou com a doação de lixo para reciclagem.
Os filhos dos ex-catadores, 209 crianças com idade entre 7 e 14 anos, contam com a assistência da Prefeitura. Através do Bolsa Criança Cidadã, do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), coordenado pelo SEDESC, as famílias recebem R$ 40,00/mês por criança. Todas elas estão matriculadas na escola e realizam atividades complementares – educação artística, esportiva e informática – ao período escolar.
No ano de 2000 foram criados dois Centros de Ecologia e Cidadania – o Refazendo no Bairro Assunção abriga os ex-catadores do Lixão e o Raio de Luz, localizado na Vila Vivaldi, os ex-catadores de rua. Associados em cooperativas, eles dividem o que arrecadam com a venda de material separado para reciclagem. Os dois Centros contam com instalações para educação ambiental, recebimento, triagem, tratamento e comercialização do material reciclável.
O Lixão do Alvarenga permanece fechado, sob cerrada fiscalização e patrulhamento por parte do Grupo de Proteção ao Patrimônio Público, Guarda Civil Municipal, Guarda Florestal e Delegacia de Crimes Contra o Meio Ambiente.
Com o fechamento do Lixão, a Prefeitura de São Bernardo pretende transformar a área em um parque ecológico. Um estudo técnico encomendado à Epal-Efral Consultoria, visando a recuperação sócio-ambiental da área, foi entregue no início de 2002 à Secretaria de Meio Ambiente do Estado. O projeto também prevê a construção de moradias para as famílias dos ex-catadores do Lixão.
A Secretaria de Habitação e Meio Ambiente estima que serão necessários cerca de R$ 12 milhões para a recuperação da área. O terreno pertence ao espólio da família Paraguaçu. Tramita uma ação na Justiça contra integrantes dessa família por degradação ambiental.
O terreno começou a ser usado como depósito de lixo em 1972. São Bernardo usou a área até 1986, depois passou a utilizar o Aterro Sanitário Lara, em Mauá.
|