O dólar interrompeu uma série de cinco altas e fechou em queda ante o real, após um integrante do Federal Reserve (FED, o banco central americano) levantar a possibilidade de a redução do programa de estímulo monetário nos Estados Unidos não ocorrer tão cedo quanto se imaginava. A moeda americana perdeu 0,60%, para R$ 2,2445 na venda. Já na semana, a moeda acumulou valorização de 4,49%.
A expectativa no mercado continua sendo de a menor liquidez mundial continuar a dar fôlego ao fortalecimento do dólar, segundo economistas. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 2,425 bilhões. "Está todo mundo tentando jogar um pouco de água na fervura em torno do estímulo do FED", disse o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos.
O presidente do FED de St. Louis, James Bullard, afirmou nesta sexta-feira temer que a sinalização do banco central na quarta-feira sobre a redução das compras de títulos ocorreu na hora errada. Bullard é membro com direito a voto do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). A perspectiva com o FED tem gerado um movimento de valorização global do dólar. Contra o real, a divisa avançou 5,84% entre os dias 14 e 20 deste mês.
No entanto, analistas afirmavam que as declarações de Bullard não devem gerar uma alteração no fortalecimento do dólar. "A tendência foi dada pelo (chairman do Fed, Ben) Bernanke. O mercado está reagindo à declaração do Bullard, mas não acho que ela seja o suficiente para reverter a situação", disse o estrategista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno.
A alta da taxa de câmbio tem levado o BC a intervir no mercado frequentemente nas últimas sessões. Mais cedo, a autoridade monetária vendeu 37,3 mil contratos da oferta total de até 40 mil, com volume financeiro equivalente US$ 1,828 bilhão.
Na véspera, o BC havia realizado leilão de swap tradicional e dois leilões de venda de dólares com compromisso de compra, mas não foi o suficiente para fazer a moeda inverter a tendência de alta. Na quinta-feira, o dólar subiu 1,69%, encerrando o dia cotado a R$ 2,2580 apesar da forte atuação do BC. "O mercado mostrou no swap de ontem pela manhã que há demanda por dólares", disse o operador do banco nacional, referindo-se à venda do lote integral de 60 mil contratos ofertados pelo BC.
Ele destacou, no entanto, que embora a autoridade monetária mostre-se preocupada com a cotação do dólar por causa de repasses à inflação, o momento de apreciação generalizada da divisa no mundo impede que as atuações do BC segurem a alta. Essas atuações servem apenas para desacelerar a valorização causada por movimentos especulativos e que fazem o mercado doméstico descolar do internacional.
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