Em abril de 2012, tucanos de São Bernardo falavam em derrotar Luiz Marinho, PT, nas urnas para tentar frear uma nova administração com o intuito de impedir seu crescimento e possível candidatura ao governo de São Paulo em 2014, disputando com Alckmin, PSDB, que sairá na reeleição.
Sérgio Guerra, em abril de 2012, ironizou a possibilidade de Luiz Marinho concorrer ao governo de São Paulo em 2014 e disse que o PT costuma "improvisar" candidatos. "Agora mesmo o PT improvisou uma candidatura na capital, como se fosse um condomínio petista", afirmou em referência ao pré-candidato Fernando Haddad. "Todo mundo pode ser candidato a tudo".
O que Sérgio Guerra não percebeu é que na campanha de Haddad foi utilizada a mesma estratégia que levou à vitória Luiz Marinho em São Bernardo em 2008. Marinho e Haddad são exemplos vivos que a estratégia petista funcionou por mais de uma vez nas campanhas municipais.
Diversos nomes já foram ventilados para ocupar a posição do PT, entre eles Mercadante, Marta, Vicentinho e o próprio Haddad, mas nunca o nome de Marinho esteve diante das possíveis opções, à exceção da mídia especializada e do próprio Lula.
É sabido que Lula tem uma preferência ‘enorme’ por Luiz Marinho que, como ele, também ocupou a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos. O problema são as bases partidárias que relutam e desejam nomes que estão em destaque nacional, fato que Marinho não ocupa, pois está circunscrito à municipalidade.
Haddad, apesar de ser prefeito, e recente, está à frente da principal cidade do país, a mais rica e, talvez, a de maior importância política e estratégica para o PT então, portanto não deverá ser candidato.
O PSDB precisa ficar atento aos movimentos de seu maior adversário e, a troca de posições na executiva dos tucanos de São Bernardo, pode demonstrar isso. Paulo Neves, que foi candidato derrotado à Câmara de São Bernardo em 2012, preside o PSDB-SBC. Aliado de Admir Ferro, que hoje ocupa cargo no Poupatempo, Paulo deverá seguir a linha tucana ditada pelo ex-candidato a vice.
Admir Ferro e William Dib (deputado federal - PSDB), que rompeu recentemente o acordo político que tinha com Alex Manente (deputado estadual - PPS), devem formar uma frente de interesse, não para ajudar, na campanha de 2014, o governador Alckmin em sua reeleição, mas sim buscando ocupar os espaços na cidade e na região perdidos para Orlando Morando (deputado estadual - PSDB) que levou a melhor, mesmo não tendo sido candidato.
Admir Ferro, derrotado em 2012, precisa reocupar o status que tinha e deve projetar sua campanha a deputado estadual para manter o nome em evidência e, sem muitas surpresas, deverá dobrar com William Dib para deputado federal, mas nada garante que estejam juntos nas próximas eleições municipais, pois é sabido que ambos desejam a indicação para serem o candidato a prefeito de São Bernardo, pelo partido, em 2016, quando Marinho não será mais candidato.
Mesmo sendo deputado estadual pela cidade, Orlando Morando acaba por ser preterido dentro da executiva do PSDB-SBC, já que está em posição oposta a de Dib e, principalmente, Admir Ferro.
Orlando Morando, assim como Alex Manente, deverão ser reeleitos, mas o mesmo não se pode afirmar quanto a outras candidaturas na cidade. Difícil é imaginar que o próprio partido lança candidatos, dividindo espaços e dificultando o trabalho de deputados já eleitos anteriormente e que são representativos para o partido.
Estranho analisar, mas as executivas municipais não dirigem visando o crescimento do partido e sua projeção, nem mesmo nos interesses maiores como da manutenção do governo estadual e de tentativa de recuperação do cargo máximo, a presidência da república, mas sim na direção de interesses individuais de alguns caciques de alta plumagem. No caso do PSDB-SBC, o novo presidente, o ex-candidato a vereador Paulo Neves, diz que o partido pretende se reorganizar e crescer, porém quando indagado se haverá campanha para novas filiações, disse não haver nada previsto.
Paulo tece elogios a Orlando e Dib e diz que Alex é um grande parceiro e uma oposição importante na Câmara, pois seu partido conta com seis vereadores.
A perseguição ao atual deputado estadual do PSDB, Orlando Morando, fica clara nesta ânsia pela recuperação de espaços. Com a nova executiva o deputado do PSDB, o de maior volume de votos no ABCD nas últimas eleições, ficou sem espaço de manobra e se vê à mercê de uma executiva que não atingiu 45% dos votos obtidos por Orlando em São Bernardo em 2010 (63.080 votos).
Veja como está a composição da Câmara Municipal de São Bernardo por partidos (quadro).
Fonte - TSE 2012 - Estatísticas
Nota-se que os tucanos perderam quase todo seu espaço e, hoje, possuem somente dois vereadores, Minami e Tudo Azul, enquanto que o PPS conta com seis vereadores.
A eleição de 2012, portanto, foi um péssimo negócio para os tucanos de São Bernardo, pois viram as cadeiras no poder legislativo minguarem. O PPS de Alex Manente perde em cadeiras somente para o PT que, hoje, possui oito vereadores. Outro ex-aliado tucano que perdeu espaço foi o PSB que está com apenas um representante no legislativo.
A executiva do PSDB-SBC, formada por ex-candidatos a vereador pode espelhar claramente o retrocesso do partido que, em 2012, alcançou menos de 28 mil votos, entre legenda e candidatos (ver quadro nesta página).
