Habemus papam

 

Opinião - 14/03/2013 - 14:45:29

 

Habemus papam

 

Vicente Barone * .

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Vicente Barone é analista político, editor chefe do Grupo @HORA de Comunicação e foi professor de Marketing para 3º e 4º graus.

Vicente Barone é analista político, editor chefe do Grupo @HORA de Comunicação e foi professor de Marketing para 3º e 4º graus.

A eleição do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio como o novo papa mostra como a intransparência da Igreja Católica torna imprevisível o resultado de um conclave como o que terminou ontem no Vaticano.

O arcebispo de Buenos Aires teria sido bem votado no conclave que elegeu o agora papa emérito Bento 16, mas seu nome não figurava entre os favoritos.
As correntes dentro da igreja podem se anular ou combinar de forma surpreendente, numa escolha em que a personalidade do escolhido tem preponderância.

Surpreendente, a eleição do papa Francisco possui todo um simbolismo. Em muitos séculos não se via um papa que não fosse europeu e mais, é sul-americano. A América Latina concentra hoje cerca de 40% dos católicos no mundo. 

Jesuíta e de hábitos simples, escolheu o nome Francisco em homenagem a Francisco de Assis (1182-1226) e o mais exemplar dos santos católicos sendo devoto ardente da simplicidade e da natureza. Insinua-se, portanto, um novo começo, uma nova visão para a igreja.

O papado de Bento XVI ficou marcado pelo enrijecimento dogmático coincidindo com grave crise no âmago da instituição. Descobriu-se que a pedofilia era uma prática disseminada e além disso verificou-se que diversos membros graduados ajudaram a acobertá-la. E não parou por aí, um vazamento de documentos sigilosos do Vaticano sugere que a Cúria romana está corrompida por desmandos, desde financeiros até sexuais.

A renovação da igreja parecia iminente, mesmo com Bento XVI fragilizado pela saúde, ficou clara a confissão de impotência, principalmente gerencial além de política.
Assim um papa altamente conservador, por pura ironia do destino, deflagrou uma possível mudança nas bases da igreja católica.

Cabe agora ao papa Francisco o desafio de esclarecer seu comportamento durante a ditadura militar argentina (1976-1983) e sobre as acusações que lhe são feitas sobre conivência.

Simultaneamente deverá retomar o controle da atual Cúria e demonstrar pulso para impôr diretrizes colocando fim ao acobertamento de abusos sexuais.

Finalmente, mas não menos importante, a retomada do catolicismo original, na revisão de dogmas obsoletos e, principalmente, na estagnação do avanço de outras religiões mais flexíveis e próximas das necessidades do povo, voltando esforços para o que os 'jesuítas' foram primordiais nas peregrinações missionárias de evangelização ampliando a participação mundial do catolicismo hoje em queda.

* Vicente Barone é analista político, editor chefe do Grupo @HORA de Comunicação e foi professor de Marketing para 3º e 4 º graus

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