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Em seu discurso de posse, o presidente Lula da Silva reafirmou seus dois compromissos fundamentais. O primeiro, genérico e amplo, é o compromisso com a mudança, esta a “palavra-chave” de seu ideário, conforme ele mesmo disse em sua longa peça oratória. Onde, porém, ele pôs ênfase, foi no seu programa de combate à fome. Ninguém pode, é claro, ser contra qualquer empenho, seja do governo seja de entidades civis, para a eliminação ou redução da fome. Mas fica a impressão de que este programa, carro-chefe inicial da administração petista, ainda não conseguiu definir-se adequadamente.
Há que se ter em conta em primeiro lugar que é necessário ter conhecimento da fome - realidade coletiva e experiência ao mesmo tempo biológica e social - e reconhecer seu caráter multidisciplinar, envolvendo a antropologia, a biologia, a fisiologia, a sociologia, a economia e de uma série de outros saberes indispensáveis para o equacionamento e encaminhamento correto do problema. Caráter multidisciplinar e também interdisciplinar.
Também não se pode desconhecer que comparado com seu desempenho há dez anos, o Brasil, na área social, mudou para melhor, palavra da ONU. A mortalidade infantil é um dos melhores exemplos de nossos avanços sociais. Neste item a redução do índice foi expressiva. É na comparação com outros países que a situação brasileira aparece mais negativa.
Quanto ao programa de combate à fome os teóricos do PT têm posições divergentes. O coordenador do programa, professor José Graziano, defende a tese da distribuição de cupons para a compra exclusiva de alimentos e o senador Eduardo Suplicy entende que seja a ajuda deva ser em dinheiro, um valor mensal que ele chama de renda de cidadania. O senador sustenta que o beneficiário utilize a renda extra como bem lhe aprouver e que ele, só ele, é quem melhor sabe das suas reais necessidades.
O que não seria aceitável é que, qualquer que seja o formato do programa que vier a ser adotado pelo governo, a valiosa experiência já adquirida seja desprezada.
O Brasil, é bom lembrar, é um dos países com a mais abrangente política de transferência de renda, como reconhecem vários organismos internacionais.
O problema é a fragmentação e a falta de articulação entre os diversos programas, inclusive aqueles conduzidos por governos estaduais e municipais, além dos desenvolvidos por entidades privadas.
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