Os Correios suspenderam nesta quarta-feira as entregas com hora marcada --Sedex 10, Sedex 12, Sedex Hoje e disque-coleta-- na cidade de São Paulo e região metropolitana, além de Tocantins, Distrito Federal e Paraná, por causa da greve dos funcionários da empresa.
Apesar de a estatal mencionar apenas essas quatro regiões, 25 dos 35 sindicatos de servidores já decidiram paralisar as atividades. As outras dez unidades de base decidem até a próxima terça-feira se também cruzam os braços.
A suspensão dos serviços com hora marcada é a primeira consequência da paralisação. A situação se agravou com o início do movimento na cidade de São Paulo e o Estado do Rio de Janeiro, que juntos respondem por mais de 68% da carga diária dos Correios.
A tendência é a continuidade da paralisação, já que a direção da empresa e a Federação Nacional dos trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos (Fentect) não conseguiram se entender em audiência de conciliação promovida nesta quarta-feira pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).
A corte deve julgar o dissídio em breve, mas ainda não definiu uma data.
Na audiência do TST, a ministra Cristina Peduzzi tentou chegar a uma proposta intermediária entre o reajuste salarial de 43,7% pedido pelos trabalhadores e os 5,2% oferecidos pela empresa.
A alternativa sugerida foi um reajuste salarial de 5,2% (inflação entre julho de 2011 e 2012 medida pelo IPCA -- o Índice de Preços ao Consumidor Amplo), reajuste nos vales alimentação de 8,84%, aumento dos demais benefícios de 5,2%, aumento linear de R$ 80 e compensação dos dias de paralisação.
Os Correios rejeitaram a proposta, alegando que o aumento linear representaria R$ 40,5 milhões por ano e comprometeria o caixa da empresa. Os trabalhadores, representados pela Fentect, disseram que vão insistir na negociação.
Diante da rejeição da proposta, a ministra Kátia Arruda foi desginada relatora do caso e foi determinado o julgamento do processo.
O TST, ainda determinou que ao menos 40% dos trabalhadores da estatal trabalhem durante a greve.
Caso descumpra a orientação, a Fentect receberá multa diária de R$ 50 mil.
EXIGÊNCIAS
Os funcionários dos Correios pedem 43,7% de reajuste, o que cobriria a inflação acumulada desde o início do Plano Real, além de aumento linear de R$ 200, tíquete-alimentação de R$ 35 e a contratação de mais 30 mil trabalhadores, entre outros pontos. A estatal oferece reajuste salarial de 5,2% para cobrir inflação dos últimos 12 meses.
Os Correios informaram hoje que 91% dos funcionários da empresa estão trabalhando. "10.737 empregados, do total de 120 mil, aderiram ao movimento sendo a maior parte carteiros", afirmou, em nota, a estatal.
A empresa informou estar tomando medidas para "garantir a entrega de cartas e encomendas à população" como a relocação de empregados das áreas administrativas, contratação de trabalhadores temporários, realização de horas extras e mutirões nos fins de semana.