O ministro Luiz Fux seguiu integralmente o voto do relator Joaquim Barbosa nesta quinta-feira e condenou nove réus dos núcleos financeiro e publicitário do esquema do mensalão pelo crime de lavagem de dinheiro. Quarto a votar no item quatro da ação penal 470, o entendimento do juiz atinge Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Simone Vasconcelos, Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Vinícius Samarane, Geiza Dias e Rogério Tolentino. Ele votou pela absolvição de Ayana Tenório.
Na opinião do ministro, que não livrou nem a "funcionária mequetrefe" Geiza Dias, como a chamou seu próprio advogado, cada um dos acusados participou ativamente da montagem de um esquema para tornar lícito um dinheiro que era fruto de fraude. "O dinheiro lícito e ilícito não são como água e óleo, acabam se misturando", argumentou.
Em seu voto, Fux entendeu que o núcleo publicitário não teria como operacionalizar o esquema se não fosse a estrutura do Banco Rural. "Estou absolutamente de acordo com a percepção do relator de que estamos diante de uma denúncia que tem sua lógica por inteiro, a descrição minuciosa de todos os fatos e dais quais os réus puderam se defender", justificou.
Em um voto que tomou mais tempo pela citação de diversos juristas e magistrados do que propriamente sobre o caso, Fux levou ao plenário a informação de que a lavagem de dinheiro movimenta 10% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial. Diante disso e das provas que foram apresentadas no processo, continuou o ministro, seria inviável não condenar os réus que atuaram para dissimular os empréstimos e esconder seus verdadeiros beneficiários. "A prova deixou de ser demonstrativa para ser persuasiva", concluiu.
Na avaliação dele, Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Vinícius Samarane, Marcos Valério, Cristiano Paz, Ramon Hollerbach, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos e Geiza Dias tinham ciência do crime que estavam cometendo. O ministro ainda relembrou os emails de Geiza, lidos na sessão de ontem pelo revisor Ricardo Lewandowski, para mostrar que ela tinha pleno conhecimento do esquema.
"Ontem foi lido aqui um email de uma senhora que não teria a menor vinculação com o ilícito e que nele informa a instituição bancária que uma pessoa vai retirar uma quantia exorbitante. Essa pessoa, não é possível que mande um email desses e não tenha consciência da ilicitude. Ela manda esse email, no final diz que o motoqueiro vai receber R$ 50 mil no caixa e se despede com um beijo. Um outro funcionário mostrou-se preocupado com o que ocorria. Também em email dizia que teria um infarto se não saísse da agência. Quem tem infarto não manda beijo e quem manda beijo não tem infarto", provocou Fux.
Ayanna Tenório, ex-vice-presidente do Rural, foi a única absolvida pelo ministro, a exemplo dos votos de Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.
