A ministra Rosa Weber concluiu nesta quinta-feira a rodada de votações do primeiro item do julgamento, que tratou do desvio de dinheiro da Câmara dos Deputados e do Banco do Brasil para o mensalão. A ministra mais nova na Corte havia pedido para proferir seu voto sobre a acusação de lavagem de dinheiro contra o deputado João Paulo Cunha e o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolatto quando a Corte iniciasse a análise do crime contra outros réus. Rosa votou pela condenação de Pizzolato, mas absolveu o parlamentar petista.
O voto da ministra segue o entendimento do único voto proferido pelo ministro Cezar Peluso no julgamento do mensalão. Ele entendeu que Cunha não tentou ocultar os R$ 50 mil recebidos pela empresa SMP&B, de Marcos Valério, afirmando que a atitude do parlamentar enviar a mulher à agência do Banco Rural para sacar a quantia foi uma mera consequência do crime de corrupção passiva.
"Por entender que o recebido da vantagem integra o crime de corrupção passiva, e não o de lavagem, e que a forma simulada de recebimento é ínsita à corrupção, não há a meu juízo como condenar João Paulo Cunha pela lavagem de dinheiro tendo como antecedente o crime de corrupção passiva", opinou a ministra, fechando o placar de seis a cinco pela condenação do parlamentar.
Com cinco votos em seu favor, João Paulo Cunha ganha força em futuros embargos infringentes no Supremo, uma espécie de recurso enviado para a própria Corte. Como o tribunal deve receber novos ministros até o fim do ano, é possível que o colegiado mude sua opinião sobre o crime.
Quanto a Pizzolato, Rosa Weber entendeu que os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro são distintos e condenou o réu. O único ministro que votou pela absolvição do ex-diretor foi Marco Aurélio Mello.