A ministra Rosa Weber, terceira a analisar o item do processo do mensalão sobre lavagem de dinheiro, votou nesta quinta-feira pela condenação dos réus Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Simone Vasconcelos, Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Rogério Tolentino. Ela seguiu o entendimento do revisor Ricardo Lewandowski pela absolvição da Ayanna Tenório e Geiza Dias.
O voto de Rosa Weber foi marcado por discussões sobre o caso de Rogério Tolentino, que foi advogado das empresas de Marcos Valério. A defesa do réu levantou uma questão de ordem ontem, na qual afirmou que Tolentino era acusado de lavar dinheiro de um empréstimo do BMG que não seria citado na denúncia do mensalão, mas apenas na ação que investiga o chamado mensalão mineiro, que é julgada em Minas Gerais.
Por cerca de 30 minutos, o relator do processo, Joaquim Barbosa, tentou rebater os argumentos de Lewandowski, que ontem acatou as afirmações da defesa de Tolentino. Rosa Weber, no entanto, reconheceu que o empréstimo do banco BMG foi citado em outros itens da denúncia. "Embora o empréstimo de R$ 10 milhões não receba destaque, está sim referido na denúncia em três pontos", disse Rosa Weber. Barbosa complementou: "Não é o empréstimo em si o mais relevante. O importante aqui é que ele, Tolentino, utilizou a sua empresa para ajudar na prática da lavagem. Ele usou a empresa dele".
O empréstimo de Tolentino foi, segundo a denúncia, uma forma de lavar os R$ 10 milhões repassados a parlamentares do PP através da corretora Bonus Banval. A garantia do crédito seria um CDB (Certificado de Depósito Bancário) da DNA Propaganda, empresa de Marcos Valério, com recursos do fundo Visanet, ligado ao Banco do Brasil. Irregularidades envolvendo o fundo já foram motivo de condenação contra o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolatto.
Rosa Weber discordou do relator para inocentar Geiza Dias, funcionária de Marcos Valério. Ela aplicou o princípio do "in dubio pro reo" (na dúvida em favor do réu) para afirmar que não houve dolo na atuação da ex-gerente da SMP&B, que enviou e-mails autorizando saques. "A participação se limita basicamente aos saques em espécie, especificamente enviar a agencia do BR mensagens eletrônicas sobre os valores dos sacadores", disse.
