A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a operadora de telefonia móvel Claro divergem sobre a extensão da deficiência da prestação de serviços da companhia. Para a concessionária, o problema é basicamente no atendimento do call center enquanto que para a agência reguladora há problemas de atendimento assim como no funcionamento da rede.
"Tivemos problemas técnicos de fornecimento de recursos de nossos parceiros", disse o presidente da Claro, Carlos Denteno, após reunir-se na Anatel (em Brasília) com o superintendente de Serviços Privados Bruno Ramos. Segundo o presidente da companhia, foram "situações pontuais" em Santa Catarina, São Paulo e Sergipe - indicadas desde o início deste ano e que começaram a ser resolvidas no mês passado. "Isso fez com que as pessoas que tinham alguma reclamação fossem direto ao call center da Anatel", minimizou.
A Anatel diverge do diagnóstico. Conforme Ramos, o que levou a companhia a ter suspensa a venda de chips e moldem nos três estados "tem a ver com o atendimento, mas também tem a ver com indicadores de rede. Nós temos necessidade que a Claro melhore indicadores de rede", frisou, se referindo a soluções "em curto prazo" para aumento de investimento em equipamentos e diminuição dos registros de queda de chamadas e congestionamento.
Ramos fez questão de salientar que a Claro, a primeira companhia que procurou a Anatel após a suspensão das vendas decretada ontem, ainda não apresentou um plano de investimento e de melhoria da qualidade, mas apenas uma "avaliação preliminar". A companhia volta a se reunir com a Anatel na próxima segunda-feira (23). "Vamos resolver os problemas que os usuários têm e dos usuários que ligam para a empresa", garantiu o superintendente.
"A Claro está comprometida com a qualidade dos serviços que oferece aos seus clientes", disse Carlos Denteno, que reconheceu que a "situação é muito séria" e frisou que o mercado brasileiro (com cerca de 250 milhões de usuários de celular) é prioridade da holding América Mobil (de capital mexicano que também controla a NET e a Embratel) nos 18 países que opera na América Latina.
Na tarde de hoje, o superintendente da Anatel, Bruno Ramos, está reunido na sede da agência reguladora com representantes da TIM (capital italiano) e amanhã (20), às 11 horas, irá receber dirigentes da Oi (capital brasileiro).
Entenda
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou, na quarta-feira, a suspensão por tempo indeterminado da venda de novas linhas telefônicas de três companhias de telefonia celular a partir da próxima segunda-feira. Segundo a agência, a proibição aconteceu devido a problemas na qualidade dos serviços prestados. A portabilidade para as operadoras também está suspensa nos Estados em que a venda foi proibida. A decisão da Anatel proíbe a TIM de vender em 19 Estados, a Oi em cinco Estados e a Claro em três.
Portabilidade
Segundo a Anatel, nos Estados em que a venda de linhas foi proibida, a portabilidade também foi suspensa. Por exemplo, no Estado de São Paulo estão suspensas as vendas para novos chips da Claro, portanto, os consumidores não podem fazer a portabilidade para esta operadora, mas estão liberados para realizar a troca para todas as outras. A agência afirma que para os clientes que já possuem linhas das operadoras punidas nada deve mudar.
Estados
Todos os Estados do País serão afetados pela decisão da Anatel. Entretanto, a agência determinou que apenas uma operadora poderá ser suspensa por Estado. Juntas, as três empresas penalizadas detêm cerca de 70 % do mercado de telefonia.
Motivo
A suspensão das vendas se deve a baixa qualidade dos serviços prestados, segundo a Anatel. "Acreditamos que é uma solução extrema, mas queremos arrumar o setor. Estamos para receber eventos esportivos que vão demandar muito uso das redes. O mercado de telefonia é muito potente, o leilão do 4G mostrou isso, e estamos preocupados", afirmou o presidente da Anatel, João Rezende.
Exigências
As empresas deverão apresentar, nos próximos 30 dias, um plano de investimentos para o setor que contemple a melhora na oferta dos serviços. Se a determinação for desrespeitada, as operadoras pagarão multa de R$ 200 mil por dia. Por ter sido uma determinação da Superintendência de Serviços Privados da Anatel, e não uma decisão conjunta dos conselheiros, as empresas podem recorrer.
