PT, com Luiz Marinho, tenta se firmar em São Bernardo e oposição critica 'nacionalização'

 

ABCD - 16/07/2012 - 13:12:23

 

PT, com Luiz Marinho, tenta se firmar em São Bernardo e oposição critica 'nacionalização'

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Luiz Marinho (PT) no último dia de campanha em 2008, cumprimentando moradores do bairro Ferrazópolis

Luiz Marinho (PT) no último dia de campanha em 2008, cumprimentando moradores do bairro Ferrazópolis

O PT garantiu que vai procurar usar a influência do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff para consagrar um segundo mandato de Luiz Marinho em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e se reafirmar na cidade que, embora seja seu berço político, ficou sem eleger um candidato petista por vinte anos até 2008. A oposição, por sua vez, liderada por PPS e PSDB, critica o que considera a nacionalização das eleições municipais promovida pelo PT e enxerga um conservadorismo na sociedade local, que deve ser explorado durante a campanha.

 

Com 568.607 eleitores atualmente, São Bernardo presenciou uma das greves mais importantes da história sindical nos anos 1970, em um movimento que acabou dando origem ao Partido dos Trabalhadores, em 1980. Hoje, o sindicato mais importante da CUT fica na cidade, o dos metalúrgicos do ABC. A maioria dos votos dos são-bernardenses foi para Lula nas cinco eleições presidenciais disputadas por ele, que mora e vota na cidade. Nas eleições municipais, entretanto, o PT só venceu uma vez antes de Marinho, em 1988, com Maurício Soares (que mudou posteriormente para o PSDB e hoje está no PSB).

 

Neste ano, o PT juntou 16 partidos em sua base, formando a maior aliança que já teve na cidade. Em 2008, eram apenas 10. Além do exército de siglas, os petistas apostam na presença de Lula e Dilma para seguir no poder. "A gente sabe a dificuldade de agenda, mas é claro que nós vamos solicitar a presença dela em São Bernardo", disse o presidente do PT em São Bernardo, Wanderlei Salatiel, ao Terra. "O Lula já declarou que vai estar presente. Hoje foi muito importante a vinda dela para cá. Vamos explorar todas as nossas lideranças para ajudar em todas as campanhas", prometeu. Na quinta-feira, Dilma compareceu à inauguração de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) na cidade paulista. Ao lado do prefeito, ela lembrou os programas de seu governo na área de saúde e elogiou as ações de Marinho no setor.

 

De acordo com Salatiel, não existe a possibilidade de Marinho antecipar sua saída da prefeitura, se reeleito, para concorrer ao governo do Estado em 2014, como especula-se que Lula queira para o seu ex-ministro do Trabalho e da Previdência. "Isso não existe. Já houve um acordo, um compromisso junto com a direção do partido, constando em ata", afirmou. "(Ele) vai terminar os oito anos. O Marinho não trabalha interrompendo o mandato".

 

Para vice, o PT escolheu manter o atual ocupante do cargo, Frank Aguiar (PTB). "Em time que está ganhando, não se mexe, e o Frank tem sido um parceiro importante, leal", disse Salatiel. O PMDB havia ameaçado deixar a coligação se não ganhasse espaço na chapa majoritária, mas recuou por falta de estrutura financeira e de apoios para lançar candidato próprio. "Então tivemos que abortar a vontade de concorrer e de repetir a parceira do Michel (Temer, vice-presidente da República) com a Dilma, até por recomendação das executivas", lamentou o presidente municipal do PMDB, Vanderlei Joeli.

 

Oposição unificada

A oposição, enquanto isso, unirá forças para tentar reverter o que aconteceu em 2008, quando PSDB e PPS lançaram candidatos separadamente, com o tucano Orlando Morando e o popular-socialista Alex Manente (PPS) pontuando 37% e 12%, na ordem, contra 48% de Marinho no primeiro turno. Agora, Manente concorrerá a prefeito com Admir Ferro, do PSDB, de vice. A aliança foi abençoada por José Serra e outros tucanos de peso, como o senador Aloysio Nunes e o ex-governador Alberto Goldman. Nunes comparou o pleito deste ano com a luta de Davi contra Golias, fazendo alusão à história bíblica em que o gigante é derrotado pelo jovem sábio.

 

Em entrevista ao Terra, Manente também minimizou o benefício de Lula sobre Marinho nestas eleições. "Na última eleição, de 2008, o prefeito atual era desconhecido na cidade. Aí eu analiso que o Lula teve seu impacto, porque trouxe o Marinho para conhecimento da população. Neste momento, o Lula já passou toda a imagem que poderia e não tem mais influência na definição do voto para o prefeito, uma vez que ele já transferiu o que era possível", disse o deputado, ressaltando que também tem uma coligação grande, com sete partidos: PPS, PSDB, PMN, PHS, PRB, PTN e PRTB.

 

Ele criticou a "morosidade" do atual prefeito para resolver problemas crônicos da cidade, como os de trânsito, segurança pública e saúde. "O prefeito insiste em dizer que não é de sua responsabilidade, que é do governo do Estado", afirmou. Como resolução para o policiamento e a saúde, Manente propõe aumento de efetivo e a reativação de prontos-socorros de bairro fechados recentemente. "Não é só inaugurar UPAs". Para o candidato da oposição, a rejeição de São Bernardo aos petistas durante os 20 anos antes de Marinho se deve ao pouco caso que o partido de esquerda faz sobre a cidade, priorizando o plano nacional. "A cidade tem o seu conservadorismo, que representa uma parcela considerável da população.Para administrar a cidade, o PT nacional traz pessoas de fora, que não têm responsabilidade com o futuro. Quando o PT administra São Bernardo, o foco nunca é a cidade".

 

No segundo turno de 2008, Marinho ficou com 58% dos votos válidos, e Orlando Morando (PSDB), com 41%.

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