O segmento de semi-pesados é um dos mais disputados do mercado brasileiro de caminhões. Só no acumulado do ano foram emplacadas 17.614 unidades, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, a Fenabrave. No topo da lista, Mercedes-Benz e Volkswagen disputam a segunda e primeira colocação, respectivamente. Para se manter na disputa, a Mercedes-Benz aposta na tecnologia do Atego, produzido na planta da marca alemã em São Bernardo do Campo, em São Paulo.
De janeiro a abril, a Mercedes negociou 500 unidades do 2426, que substituiu o 2425 no primeiro mês do ano. O modelo 2426 custa R$ 237.634, e enfrenta rivais como Ford Cargo 2423, Scania P250 6X2, Volkswagen 24.280 e Volvo VM270 6x2. À convite da montadora, o Terra foi até à fábrica da marca, no ABC Paulista, para dar uma volta na boleia da versão 2426, com carga de 22 t de areia.
Pré-teste
Antes de entrar no caminhão, o engenheiro de marketing de produto, Conrado Cipolla, diz que o trunfo do Atego é o novo motor Bluetech 5, que atende às novas normas para motores a diesel do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve P-7), que determina pelo menos 80% de redução na emissão de gases poluentes. O propulsor tem 256 cavalos de potência e consumo de combustível 8% menor em relação a versão anterior. Antes de partir, Cipola ainda mostra as modificações feitas depois da reestilização: o Atego tem nova grade, para-sol externo, novo conjunto óptico e defletor de ar nas portas, que evita sujar a maçaneta das portas.
Primeiras impressões
O técnico em demonstração da Mercedes-Benz, João Moita é quem guia o modelo durante o teste. Ele dá a partida no 2426 e inicia o test-drive pela rodovia Anchieta, em direção à estrada velha de Santos. Aos 62 anos, e 32 anos na montadora, Moita começa a dar os predicados do modelo antes mesmo de sair da fábrica. Ele elogia a regulagem pneumática e da coluna da direção da versão - um 6x2 com leito teto-baixo.
"Isso proporciona mais conforto. Imagina passar horas dirigindo em uma posição que não faz bem à coluna", questiona. Ele desaciona o freio de estacionamento a partir de uma alavanca no console central e engata a primeira velocidade do câmbio manual de seis marchas. "Muito bem escalonado e de engates precisos. Sair com um caminhão desses é quase igual sair com um carro de passeio", brinca o experiente piloto.
De série, o 2426 tem vidro do passageiro elétrico - o do motorista é manual -, computador de bordo - com informações sobre consumo e trajeto - e o chamado top-brake, um sistema conjugado de freio-motor. Ar-condicionado e vidros elétricos para os dois vidros são opcionais. Moita não precisa comentar, mas parece dirigir com facilidade pela estrada, mesmo carregando as 22 t de areia, num trajeto de 36 m de rodovia.
Aos 65 km/h, em sexta marcha, o conta-giros marca 1.200 rpm. Nas descidas, ele sempre avisa ao acionar o top-brake. "Assim eu não gasto lona de freio. Ele segura o carro sem eu pisar no pedal", explica ele, chegando quase aos 90 km/h. "O ruído é muito pouco e a suspensão é bem confortável. Percebeu?", diz, passando a mão dos cabelos brancos. No meio do trajeto ele estaciona o caminhão, para que as fotos que ilustram esta matéria sejam feitas. "Podem levar o tempo que quiserem. E se quiser, eu saio na foto também", diz aos risos.
O Atego chegou a levar um prêmio de "Truck of the Year 2011", algo como Caminhão do Ano, durante o Salão de Hannover, na Alemanha, no ano passado. Mas com a versão híbrida. E essa versão do teste? É economica? "Ah, o consumo depende muito da carga, da estrada, da condução do motorista", desconversa Moita. O passeio acaba e o pátio da Mercedes é logo o destino final. O motorista desliga o Atego, agradece e comenta. "A volta foi boa, mas da próxima você dirige", brinca.