Argentina retira embaixador do Paraguai após destituição de Lugo

 

Internacional - 24/06/2012 - 21:36:14

 

Argentina retira embaixador do Paraguai após destituição de Lugo

 

Da Redação com AFP

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

A Argentina, de Cristina Kirchner, informou que não tratará Franco como líder de um governo legítimo

A Argentina, de Cristina Kirchner, informou que não tratará Franco como líder de um governo legítimo

O governo argentino resolveu retirar seu embaixador do Paraguai, Rafael Romá, depois da destituição do ex-presidente Fernando Lugo, "pela ruptura da ordem democrática", anunciou neste sábado a chancelaria em um comunicado à imprensa. "Diante dos graves acontecimentos institucionais ocorridos na República do Paraguai, que culminaram com a destituição do presidente constitucional Fernando Lugo e a ruptura da ordem democrática, o governo argentino retira imediatamente seu embaixador de Assunção", informou o Ministério das Relações Exteriores.

Em um breve comunicado, a chancelaria esclareceu que a representação diplomática argentina no Paraguai "ficará a cargo de um encarregado pelos negócios até que seja restabelecida a ordem democrática". Lugo foi destituído na sexta-feira em um julgamento político sumário de um dia, acusado pela Câmara dos Deputados de "mal desempenho de suas funções" e, em seu lugar, assumiu o vice-presidente, Federico Franco.

Na noite de sexta-feira, a presidente argentina, Cristina Kirchner, qualificou a destituição de Lugo de "golpe de Estado" que considerou "inaceitável", e antecipou que Argentina "não reconhece" o novo governo paraguaio. "É um ataque definitivo às instituições que fazem muito mal e que reedita situações que acreditávamos que tinham sido absolutamente superadas na América do Sul e na região em geral", acrescentou a presidente diante de jornalistas na Casa Rosada.

Por sua vez, o embaixador do Paraguai na Argentina, Gabriel Enciso López, se juntou na noite de sexta-feira a integrantes da comunidade paraguaia em Buenos Aires que se concentraram no Obelisco portenho para repudiar a destituição de Lugo. "Não vou continuar como embaixador", disse López ao canal 26 de notícias de Buenos Aires ao defender que houve um "golpe institucional" em seu país.

Legisladores argentinos analisavam convocar uma sessão especial para repudiar o ocorrido no país vizinho. A destituição de Lugo é "um claro retrocesso no cumprimento efetivo das cláusulas democráticas que regem o Mercosul e a Unasul", disse em um comunicado o grupo de deputados.

O opositor Mario Negri (UCR, social democrata), vice-presidente da Câmara de deputados, pediu ao governo que "promova uma sanção conjunta no Mercosul e na Unasul".

Processo relâmpago destitui Lugo da presidência
No dia 15 de junho, um confronto entre policiais e sem-terra em uma área rural de Cuaraguaty, ligada a opositores, terminou com 17 mortes. O episódio desencadeou uma crise no Paraguai, na qual o presidente Fernando Lugo, acusado pelo ocorrido, foi sendo isolado no xadrez político. Seis dias depois, a Câmara dos Deputados aprovou de modo quase unânime (73 votos a 1) o pedido de impeachment do presidente. No dia 22, pouco mais de 24 horas depois, o Senado julgou o processo e, por 39 votos a 4, destituiu o presidente.

A rapidez do processo, a falta de concretude das acusações e a quase inexistente chance de defesa do acusado provocaram uma onda de críticas entre as lideranças latino-americanas. Lugo, por sua vez, não esboçou resistência e se despediu do poder com um discurso emotivo. Em poucos instantes, Federico Franco, seu vice, foi ovacionado e empossado. Ele discursou a um Congresso lotado, pedindo união ao povo paraguaio - enquanto nas ruas manifestantes entravam em confronto com a polícia -, e compreensão aos vizinhos latinos, que questionam a legitimidade do ocorrido em Assunção.

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