A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que a Europa estava pronta para agir para garantir a estabilidade na zona do euro após a nota de classificação de risco da Espanha ter sido rebaixada em três níveis na quinta-feira. A declaração ocorre em meio a expectativas de que o país possa precisar da ajuda da União Europeia em breve para socorrer bancos recheados com dívidas de má qualidade.
O primeiro-ministro Mariano Rajoy disse que ele iria esperar o resultado de auditorias independentes sobre o sistema financeiro para falar com a Europa sobre como recapitalizar os bancos com problemas. Um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) a ser publicado na próxima segunda-feira deve mostrar que os bancos espanhóis precisam de ao menos 40 bilhões de euros (US$ 50 bilhões), disseram fontes do mercado financeiro.
Sem esperar por um aguardado plano de resgate da UE, a agência de classificação de risco FitchRatings cortou a nota soberana da Espanha para BBB ante A, com perspectiva negativa, dizendo que Madri estava especialmente vulnerável a uma deterioração na crise de dívida da zona do euro.
A Fitch estimou que os bancos espanhóis vão precisar entre 50 bilhões e 60 bilhões de euros em capital, mas o custo fiscal total para aliviar o problema bancário pode chegar a 100 bilhões de euros ou 9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) num cenário mais extremo como o que ocorreu com a crise bancária na Irlanda.
Falando em Berlim após conversas com o primeiro-ministro britânico, James Cameron, que pediu "ação urgente" para atacar a crise de dívida - Merkel disse que a Alemanha estava pronta, juntamente com os outros 16 países da zona do euro, para fazer o que fosse necessário.
"É importante enfatizar novamente que nós criamos os instrumentos para apoiar a zona do euro e que a Alemanha está pronta para usar esses instrumentos quando se prove necessário", disse ela, referindo-se ao fundo temporário de resgate da zona do euro, o EFSF, e a seu sucessor permanente, o ESM, que se torna operacional em julho.
Se a Espanha realmente resolver pedir ajuda para recapitalizar seus bancos, recheados com hipotecas imobiliárias de má qualidade e outros empréstimos de baixa performance, ela deve solicitar fundos entre os 440 bilhões de euros do EFSF e dos 500 bilhões de euros do ESM. Apesar da pressão, a Espanha mostrou que poderia ainda tentar recorrer aos mercados de crédito, levantando todo o dinheiro necessário, embora a um custo maior.
No meio do furacão, a Espanha também nomeou um novo presidente do Banco Central, Luis Maria Linde, buscando recobrar a credibilidade do Banco da Espanha, criticado pela forma como lidou com a crise bancária. Ele teve a preferência frente ao membro conselho do Banco Central Europeu (BCE), o executivo José Manuel González-Paramo, que estava de saída do banco.