A Polícia Federal (PF) anunciou nesta segunda-feira que instaurou um inquérito para apurar um suposto crime de gestão fraudulenta no Banco Cruzeiro do Sul. Em dezembro do ano passado, a instituição financeira teria comprado por R$ 55 milhões o Banco Prosper, que estava descapitalizado e já não operava mais. De acordo com a PF, o Cruzeiro do Sul possui R$ 150 milhões em dívidas.
Mais cedo, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que assumiu nesta segunda-feira a administração do banco Cruzeiro do Sul por determinação do Banco Central, negou que tenha socorrido a instituição financeira e descartou uma eventual fuga de investimentos. De acordo com Antônio Carlos Bueno, diretor executivo do FGC, ainda não é possível afirmar se houve fraude e apontar ao certo o tamanho do rombo na instituição, que passará por uma auditoria que deve ser concluída em até 60 dias.
Segundo Bueno, o FGC injetou R$ 1,3 bilhão no Cruzeiro do Sul para equilibrar o patrimônio da instituição, mas a operação já era prevista e foi considerada "normal". "Não está faltando caixa no banco. O banco tem problema de patrimônio, não de liquidez", afirmou. Atualmente, o patrimônio do banco é de R$ 1,2 bilhão. Ainda de acordo com o diretor do fundo, a intervenção ocorreu após o Banco Central detectar um problema na documentação de uma "carteira muito antiga". O órgão contratou uma auditoria.
Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) suspendeu os negócios com ações do Banco Cruzeiro do Sul, à espera de esclarecimentos sobre a decretação de intervenção da instituição anunciada pelo Banco Central.
Instituições
O Cruzeiro do Sul é considerado uma instituição de pequeno porte pelo Banco Central. Segundo dados da autoridade monetária, em dezembro do ano passado o banco detinha ativos correspondentes a 0,22% do total existente no sistema financeiro e 0,35% dos depósitos. Por extensão, a intervenção anunciada hoje também será feita em outras três empresas do grupo: Cruzeiro do Sul S.A Corretora de Valores e Mercadorias, Cruzeiro do Sul DTVM, e Cruzeiro do Sul S.A. Companhia Securitizadora de Créditos Financeiros.
O FGC foi criado em 1995, com aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN), como entidade privada sem fins lucrativos para administrar mecanismos de proteção a titulares de investimentos. A cobertura estipulada pelo fundo para cada investidor no caso de quebra da instituição financeira é de até R$ 70 mil. Todas as instituições financeiras, associações de poupança e empréstimo no País são obrigadas a aderir ao FGC. Apenas não estão obrigados à adesão as cooperativas de crédito e as seções de crédito dessas cooperativas. Segundo o FGC, as autorizações do Banco Central para funcionamento de novas instituições financeiras estão condicionadas à adesão ao fundo.