Chega de debate sobre o código florestal. Bom senso é concentrar o melhor das energias e do conhecimento agrotropical brasileiro no pós-sancionamento da lei aprovada na câmara federal.
Os agricultores que plantaram dentro da lei e das orientações agronômicas de suas épocas não podem ser chamados de desmatadores, e nem, de torturadores com a alcunha de “anistiados”! O agronegócio comercial brasileiro é como regra preocupado com os aspectos ambientais e sociais, pois estão submetidos às leis de mercado. E não são os supermercados e as agroindústrias processadoras de matérias primas vegetais ou animais, que irão correr riscos de terem suas marcas prejudicadas, ou suas vendas cortadas por estarem usando grãos, carnes, fibras ou energia oriunda de práticas predadoras. Isso existe? Sim, mas não é mais a regra. Onde, porém, existe a fraude, o crime, o desmatamento ilícito e o predadorismo, não empreendedorismo, mas o predadorismo contumaz?
Como regra isso tem a concentração de ocorrências nas terras ilegais, na grilagem, e nos que fazem mau uso dos assentamentos e terras devolutas. Para a ilegalidade existe polícia e a mão pesada da lei e da justiça. Para policiar precisa investir em maior vigilância, tecnologia, fiscalização e velocidade nos processos, julgamento, combate à corrupção, e aplicação da lei. E, é exatamente ai, onde há décadas reside o problema, que é histórico na realidade brasileira. Não é o gaúcho que abriu o cerrado enfrentando, inclusive a ilegalidade, o crime e ainda hoje convivendo com a falta de estrutura fora das porteiras das fazendas que está o inimigo do ambientalismo.
Presidenta Dilma, tire da frente essa quizumba dualista de conflito de egos, entre o time dos ambientalistas versus a galera dos ruralistas, e mande os órgãos colocarem a mão na massa. E essa mão na massa significa dizer: “Ih agora, como é que nós vamos fazer para definir as normas gerais dos programas de regularização ambiental PRA, previstos nos textos da lei, adequando regionalmente a aplicação do código conforme as realidades locais do Brasil? Isso sim representa colocar foco no que interessa, promover a agricultura de baixo carbono e a integração pecuária, lavoura e floresta, a defesa da pesquisa genética tropical, e não àquilo que distrai a atenção do que é verdadeiramente a causa estratégica do país. Não corrigimos o presente consertando o passado, e muito menos faremos o futuro nos distraindo com as ilusões do presente.
Sobre o CCAS
Conselho Científico para Agricultura Sustentável- CCAS é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011,com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados a sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara,sobre o assunto.
O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.
Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.
A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa sejam colocados a disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça.
* José Luiz Tejon, Diretor Vice-Presidente do Conselho Cientifico para a Agricultura Sustentável, Coordenador do Núcleo de Agronegócio da ESPM, Comentarista de agronegócio da Rede Estadão ESPN de Rádio.