Battleship - A Batalha dos Mares é aquele filme de ação padrão. Muitas cenas de luta, fogo, bombas, uma mulher bonita, um romance para deixar o enredo mais leve e uma estrela para chamar atenção para a super produção. Neste caso, são duas: o veterano Liam Neesom e a estreante Rihanna, que chega do mundo da música diretamente para as telas de cinema. Peter Berg imprimiu seu estilo no filme, não há dúvida, mas a fórmula é a mesma de anos.
O filme é baseado no jogo Batalha Naval. É, aquele que você deve ter jogado na infância, com aqueles comandos cifrados no estilo "B4. Água". Bom, se não jogou, no mínimo se familiariza com o tema. Entrar no cinema com a ideia de ver um filme baseado em um jogo de tabuleiro já é estranho, por isso, Berg trouxe uma dose extra de emoção para o longa. Aliens e a marinha norte-americana, uma de suas grandes paixões, se enfrentam em uma batalha lotada de efeitos especiais interessantes e uma trilha sonora impecável, com nomes como AC/DC e The Black Keys, além das faixas criadas por Steve Jablonsky, o que aumenta a adrenalina de quem está assistindo.
Battleship tem pontos interessantes. Logo no início, o diretor inova e usa uma cena baseada em um famoso vídeo do Youtube, que se chama O Pior Ladrão do Mundo. Alex Hopper, vivido por Taylor Kitsch (John Carter - Entre Dois Mundos), invade uma loja de conveniência para conseguir um burrito de frango para a belíssima Sam, personagem de Brooklyn Decker (Esposa de Mentirinha). O "assalto" não sai como planejado e ele acaba preso em uma cena que garante algumas risadas, ao melhor estilo Peter Berg de fazer cinema.
Exatamente por esse começo morno, o filme não empolga tanto quanto deveria e demora a engrenar. Apesar disso, quando as sequências de ação começam, são daquelas de tirar o fôlego, com direito a navios inteiros sendo destruídos por uma raça de aliens que veio à Terra após receberem uma espécie de chamado da NASA. A explicação exata de por que eles vieram parar aqui passa quase batida. Assim como a lógica das técnicas de destruição dos seres extraterrestres.
Hopper, o herói do filme, é na verdade quase um anti-herói. Arrogante e com comportamento explosivo, é daqueles homens que demoraram a tomar um rumo na vida. O oficial vivido por Kitsch só entra para a Marinha depois de ser obrigado por seu irmão mais velho, personagem de Alexander Skarsgard (True Blood), que tem papel fundamental no filme. Aliás, a relação entre eles é um ponto a ser destacado. Peter Berg toma muito cuidado ao mostrar as relações afetivas entre os personagens. Tudo é muito intenso e, no caso de Hopper, suas atitudes são determinadas pelas lições que o irmão mais velho lhe ensinou.
Uma das principais aliadas de Hopper na batalha é Raikes, interpretada pela cantora pop Rihanna. Uma mulher durona, que comanda as armas do navio e ajuda o capitão como pode. A estrela, dona de inúmeros hits, faz uma atuação correta, com poucas falas, mas extremamente expressivas, como seu "boom", que aparece no trailer do longa. As sequências são muito físicas e é possível identificar que Rihanna tentou se livrar ao máximo de seu jeito de diva pop. O que vemos na tela é uma mulher de cabelos curtos, forte, que em quase nada lembra a musa dos palcos.
Marinha e Pearl Harbor
Peter Berg é um apaixonado pela Marinha e é esse amor é quase gritante se repararmos nos detalhes do filme. Em uma das grandes batalhas do longa, ele usa um encouraçado, com tecnologia para lá de ultrapassada, como a grande arma da guerra contra os aliens. Na ocasião, faz uma digna homenagem a alguns heróis da Marinha já aposentados. Todos senhores simpáticos, que dão certo charme à sequência e, claro, garantem algumas risadas.
O filme se passa no Havaí, onde está a base de Pearl Harbor, local significativo para os Estados Unidos, onde foram atacados pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. O diretor tomou um certo cuidado para abordar o tema e colocou um oficial japonês para ajudar Hopper na missão de salvar o mundo. Aliás, vale ressaltar que o capitão americano não só aceita ajuda, como se submete às ordens do oficial Nagata (Tadanobu Asano), seu rival.
Em uma conversa com o Terra, Berg confirmou que ressaltar essa parceria foi justamente uma forma de mostrar que as duas nações já deixaram tudo isso para trás. "Achei que era interessante uma reflexão sobre o quanto o ser humano é capaz de perdoar. Depois de tudo o que passamos, América e Japão podem ter uma amizade. Eu acho isso muito bom, muito positivo", explicou.
Talvez, a mensagem do filme seja essa, a de quanto somos capazes de mudar e perdoar, mas acaba perdida em montes de explosões, destroyers, bombas e aliens. Em uma mistura de Transformers (2007) comIndependence Day (1996), Battleship vale a diversão e prende o público na cadeira do cinema até o fim, mas sem fugir do óbvio.
O filme estreiou na sexta-feira (11) em todo o mundo.