Diante do cenário externo bastante conturbado, com as preocupações sobre a situação política na Grécia, o dólar fechou esta quarta-feira com alta de mais de 1% frente ao real, rompendo a barreira de R$ 1,95. O dólar registrou alta de 1,23%, a R$ 1,9625 na venda, ainda o maior patamar em quase três anos. Na máxima do dia, a moeda chegou a bater R$ 1,9654 e, na mínima, R$ 1,9491.
Segundo operadores, o mercado continua atento a mais atuações do Banco Central. Eles já não descartam a intervenção por meio de leilões de venda de dólares caso a moeda americana chegue a R$ 2.
"O mercado acompanhou religiosamente o mercado internacioal hoje", afirmou o operador de câmbio da Interbolsa Ovídeo Pinho Soares.
No exterior, os investidores repercutiram mal os problemas na Grécia que, após a eleição parlamentar no domingo passado, enfrenta problemas para formar um governo de coalizão. Assim, crescem as preocupações sobre o gerenciamento da dívida do país e sobre eventuais contágios na zona do euro.
Durante a tarde, O Comitê do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, na sigla em inglês) concordou em desembolsar a parcela de 5,2 bilhões de euros à Grécia. A decisão ocorreu apesar da oposição de alguns integrantes da zona do euro.
Em seguida, foi a vez do líder esquerdista grego Alexis Tsipras afirmar que não foi bem-sucedido em formar um governo de oposição ao acordo de resgate internacional a Atenas, devolvendo seu mandato ao presidente.
Não por menos, ante a uma cesta de moedas, o dólar subia quase 0,5% no final da tarde. Para Soares, o mercado também está especulando com avaliações de fluxos de dólares menores ao país e, assim, puxando a cotação do dólar ainda mais para cima.
Segundo dados do próprio BC, entre os dias 1º e 4 de maio, o fluxo cambial - entrada e saída de moeda estrangeira do país - estava negativo em US$ 1,787 bilhão.
Com esse movimento, o mercado já está de olhos abertos para uma eventual ação do BC mas, desta vez, vendendo dólares, justamente para evitar essa pressão.
A avaliação é de que a autoridade monetária poderia seguir esse caminho para evitar mais inflação e também volatilidade no câmbio. "(Com o dólar) acima de dois reais, o BC atua e vende dólares, na minha avaliação", acrescentou o operador.
Esta foi a sétima sessão seguida que o BC não atuou no mercado. Até então, sua ação era contrária. Ou seja, comprando dólares.