O desembargador Adilson de Andrade, de 60 anos, foi encontrado morto em sua casa, em Santos, litoral de São Paulo, na manhã desta terça-feira, com dois tiros no abdômen. A polícia registrou o caso como morte suspeita e abriu inquérito para investigar o caso.
Segundo boletim de ocorrência registrado no 3º Distrito Policial de Santos, o corpo do desembargador foi encontrado por um filho dele, Felipe, por volta das 8h. Felipe entrou na casa após um gerente de banco tocar a campainha e ninguém atendê-lo. À polícia, o gerente disse que combinara de passar na casa do desembargador às 8h para pegar algumas contas a serem quitadas.
Ainda de acordo com o gerente, minutos após a entrada na casa, Felipe saiu transtornado, dizendo que o pai havia se matado. Foi apurado que o desembargador fazia uso de medicamentos e bebida alcoólica. Não havia sinais de arrombamento no imóvel.
À polícia, Felipe declarou que mexeu no corpo do pai, encontrado em um dos quartos do imóvel com o revólver, de propriedade do desembargador, próximo. Foram apreendidos, além da arma, um celular e um computador da vítima.
De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), Andrade integrava a 3ª Câmara Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo. O presidente do TJ-SP, desembargador Ivan Sartori, decretou luto oficial de três dias nas unidades judiciárias de todo o estado.
Adilson de Andrade, segundo a assessoria de imprensa do TJ-SP, é formado pela Faculdade Católica de Direito de Santos, turma de 1975. Foi escrevente do 2º Cartório de Notas e Ofício de Justiça, Seção Judiciária, em São Paulo de 1979 a 1981. Ingressou na magistratura em 1982, na 36ª Circunscrição Judiciária (CJ) de Araçatuba, foi removido para a 1ª CJ com sede em Santos e judicou ainda nas comarcas de Juquiá, Cotia e São Vicente, Foro Regional de Jabaquara, na capital, até ser promovido a desembargador, pelo critério de antiguidade, em 8 de março de 2006.
Outro caso
Um outro caso de morte suspeita de desembargador paulista, a de Antonio Carlos Viana Santos, ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, ocorrida em 26 de janeiro de 2011, é investigada pelo Ministério Público e pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil. Quando morreu, Viana Santos estava à frente do TJ, cargo que assumira em janeiro de 2010. A promotora Soraia Simões Munhoz, da 1ª Promotoria Criminal, considerou a quantidade excessiva de álcool por litro de sangue no corpo do desembargador, 10,5 gramas. Em tese, a resistência do desembargador não seria alta, já que era portador de diabetes e cardiopatia (angina).
A investigação sobre as causas da morte de Viana Santos, no entanto, não é a única em curso. Está a cargo da Procuradoria Geral do Ministério Público um inquérito civil que apura a evolução patrimonial do desembargador durante o período em que esteve à frente do Tribunal de Justiça. A investigação foi iniciada após denúncia de enriquecimento elícito encaminhada inicialmente ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O nome de Viana Santos faz parte da lista de cinco desembargadores do TJ-SP que receberam R$ R$ 4,686 milhões em pagamentos antecipados entre 2007 e 2010. Viana Santos teria recebido R$ 1,2 milhão, dos quais mais de R$ 900 mil durante o período em que presidiu o Tribunal. O valor foi usado para a compra do apartamento onde morava. Ele foi encontrado morto pela mulher no chão do quarto.