A Secretaria Municipal de Transportes de São Paulo informou nesta quarta-feira que não vai atender ao pedido feito por sindicatos para que a Marginal Tietê seja liberada por um prazo de até sete dias, medida que normalizaria, segundo as entidades, o abastecimento de combustível na cidade. Por meio de nota, a secretaria informou que não vai "fazer alterações pontuais na proibição de circulação de caminhões na Marginal Tietê".
"Entendemos que os horários definidos para o transporte de cargas e também para o transporte de cargas perigosas são suficientes para que as empresas possam realizar o abastecimento na cidade", disse a secretaria, por meio de nota.
Segundo o órgão estadual, o setor domina a logística necessária para normalizar o problema dos combustíveis em São Paulo "no prazo mais curto possível, cumprindo as regras de circulação".
Ontem, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro) e o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) encaminharam um ofício ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), solicitando a liberação temporária da Marginal Tietê para os caminhões-tanque, por um período de até sete dias. Se o pedido fosse acatado pela prefeitura, os sindicalistas previam que o problema do abastecimento na cidade seria normalizado em até uma semana.
Os transportadores de combustíveis paralisaram em protesto à restrição aos caminhões na Marginal Tietê nos dias úteis, das 5h às 9h e das 17h às 22h. A medida entrou em vigor na segunda-feira.
Hoje, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro) informou que 100% dos 2,1 mil postos da Grande São Paulo já não tinha mais gasolina. Conforme a entidade, alguns estabelecimentos chegaram a vender em um dia 60 mil l de combustível - quantidade que costuma ser vendida em cinco dias, em média.
Entenda
Os transportadores de combustíveis protestam contra a restrição aos caminhões na Marginal Tietê, que entrou em vigor na última segunda e vale nos dias úteis, das 5h às 9h e das 17h às 22h.
O vice-presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros Autônomos, Claudinei Pelegrini, reclama que a restrição ao tráfego na Marginal é a quinta imposta pela prefeitura ao trânsito de caminhões na cidade. Segundo ele, em alguns casos, o trajeto feito para entrega de produtos pode subir em mais de 100 km caso os caminhões não possam passar pela Marginal Tietê.
O Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP) representa 800 caminhões "tanqueiros", que transportam combustíveis na cidade paulista. Atualmente, 95% desses caminhoneiros são autônomos: trabalham em caminhões próprios e não estão vinculados a empresas. Por esse motivo, a greve promovida pelo sindicato conseguiu, em apenas três dias, causar uma crise de distribuição na cidade.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo (Setcesp) afirma que as empresas de transporte de combustível são responsáveis por cerca de 5% do transporte do setor na cidade, mas é comum essas empresas não terem frota própria e também utilizarem trabalho terceirizado de autônomos.
Houve relatos de violência contra caminhoneiros que tentaram entregar combustível apesar da paralisação, o que levou o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) a pedir auxílio da polícia para garantir a entrega dos combustíveis.
"Infelizmente, essas manifestações estão ocorrendo de forma violenta, com depredações de diversos veículos e ameaças a funcionários e motoristas", disse o Sindicom em nota. "O Sindicom deu entrada na segunda na Justiça em pedidos de medidas cautelares, para assegurar proteção policial ostensiva ao trânsito dos caminhões-tanques de suas associadas. Aguardamos estas decisões para retomar as operações com segurança".
Só na terça, a Polícia Militar realizou pelo menos seis escoltas para garantir a entrega de combustíveis, mas segundo a assessoria de imprensa da corporação, alguns motoristas estão se recusando a fazer entregas mesmo com escolta por temores de que possam sofrer represálias posteriores.
As escoltas estão sendo coordenadas pelo gabinete de crise criado pela Polícia Militar, que conta também com a participação da tropa de choque, da Polícia Rodoviária e de representantes da prefeitura. Além de escoltas, a PM também realiza policiamento preventivo para garantir segurança nas distribuidoras.