A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, iniciou na tarde desta segunda-feira uma visita oficial de apenas 48 horas a Cuba com foco em assuntos econômicos bilaterais como a modernização do porto de Mariel e a perspectiva de novos projetos brasileiros na ilha.
Dilma foi recebida pelo chanceler cubano, Bruno Rodríguez, e não concedeu declarações aos jornalistas que a aguardavam no aeroporto internacional José Martí.
A agenda da presidente brasileira começará nesta terça-feira com a habitual homenagem ao herói nacional José Martí, antes de reunir-se com o líder da ilha, Raúl Castro, no Palácio da Revolução. Não está descartado um possível encontro com o ex-líder cubano Fidel Castro, que mantém uma longa amizade pessoal com Luiz Inácio Lula da Silva, antecessor de Dilma na Presidência brasileira.
Embora a visita tenha foco nos temas econômicos e comerciais, como cenário de fundo está a situação dos direitos humanos na região e na ilha, mas não há a previsão de que a presidente brasileira abordará esse assunto durante sua estadia em Cuba.
Esse tema agitou a visita oficial de Dilma desde que o Brasil concedeu um visto de turista à blogueira cubana Yoani Sánchez, que solicitou à líder brasileira que interceda junto às autoridades da ilha para obter a permissão para fazer a viagem e prestigiar o lançamento de um documentário. Isso só será possível, no entanto, se o governo cubano conceder a Yoani uma espécie de "carta branca".
Em entrevista coletiva ocorrida nesta segunda-feira, dissidentes cubanos afirmaram que não esperam nada relevante da visita de Dilma no que se refere à situação dos direitos humanos na ilha.
A visita tem o objetivo de "aprofundar a cooperação bilateral nas áreas técnica, científica e tecnológica, sobretudo em agricultura, segurança alimentar, saúde e produção de remédios", informou um comunicado oficial da Presidência brasileira.
O curto programa da viagem de Dilma inclui nesta terça-feira a assinatura de acordos não especificados e a visita às obras de ampliação e modernização do porto de Mariel - situado 45 km ao oeste de Havana -, considerado o mais importante investimento executado em Cuba com a colaboração do Brasil.
Esse projeto, que conta com participação da Odebrecht, tem orçamento de US$ 686 milhões e 80% de seu financiamento fornecido pelo Brasil.
A participação brasileira na indústria açucareira cubana deverá ser outro dos temas analisados durante a visita, uma vez que a Odebrecht anunciou nesta segunda-feira a assinatura de um contrato com Cuba para a gestão produtiva de uma fábrica na província de Cienfuegos.
Na manhã de quarta-feira, Dilma Rousseff se despedirá de Cuba rumo ao vizinho Haiti, onde fará visita oficial. As trocas comerciais entre Brasil e Cuba alcançaram US$ 642 milhões em 2011, 31% mais que o registrado no ano anterior.