De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), José Luiz Gandini , a decisão de governo de aumento do Imposto para carros importados feriu as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a associação vai entrar na justiça contra o início imediato de vigência da lei, que estaria contra a legislação que prevê que mudanças no Imposto de Produtos Industrializados (IPI) só podem começar a valer após 90 dias. "É inconstitucional não termos o prazo que está determinado na Constituição. Quanto ao aumento não temos o que fazer. Cabe a OMC tomar uma medida sobre isso", afirmou Gandini nesta sexta-feira.
Gandini diz que a associação vai escrever uma carta aberta à presidente da República, Dilma Rousseff, se mostrando contrária à medida do governo que, na última quinta-feira, anunciou um aumento de 30 pontos percentuais no IPI de carros importados ao Brasil de fora do Mercosul. "Na prática, os 30 pontos percentuais significam um aumento médio efetivo de 230% no IPI. Além disso, esse aumento é o equivalente a um aumento drástico dos atuais 355 para 85% caso tivesse sido imputado a alíquota de importação", diz o presidente. Na carta, a Abeiva solicita que o decreto 7567 (referente ao aumento do IPI) seja revisto, conforme a Constituição, com base nas leis internacionais de comércio
Gandini afirmou que o aumento do IPI o pegou de surpresa, ainda mais após a reunião da semana passada com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, que garantiu ao presidente da Abeiva que o aumento não seria grande que ele não deveria se preocupar.
Importados no Brasil Segundo Gandini, a importação é a porta de entrada para que uma fábrica decida se instalar no Brasil. "Se a empresa começa a vender aqui, tem aceitação por parte do público, faz volume de vendas, com certeza ela vai querer montar uma fábrica aqui e essa medida só veio para atrapalhar esse caminho".
De acordo com Gandini, os carros importados pelas 27 marcas que não possuem fábrica no Brasil representam atualmente 5,8% do mercado de carros no mercado nacional e, se for considerado somente os produtos abaixo dos R$ 60 mil, essa porcentagem cai para 3,3%. "Não estamos ocupando espaço de ninguém no mercado. Não é culpa nossa se está sobrando carro das montadoras nacionais". Após a mudança, um carro importado que hoje custa em torno de R$ 60 mil, com os 25% do novo IPI, passaria a valer R$ 76 mil. E são as vendas desses carros que mais preocupam, pois, segundo Gandini, "modelos como Jaguar e BMW não encontram concorrentes no mercado nacional". De acordo com o presidente da JAC Motors, Sergio Habib, a tentativa será não repassar o valor total do IPI para os modelos esportivos de luxo. "Vamos cortar em publicidade e onde mais for possível para tentar que isso não chegue ao cliente." Caso o IPI fosse agregado integralmente ao valor do carro, uma Ferrari que custa cerca de R$ 2 milhões, com aumento de 28%, custaria R$ 600 mil a mais.
O presidente da Abeiva garantiu que os carros que já estão nas concessionárias não terão seus preços alterados. "Isso pode até aumentar nossas vendas, pois quem já estava interessado em comprar e sabe que vai subir vai querer comprar agora para aproveitar". Quanto ao futuro, Gandini preferiu ser cauteloso: "Só o mercado poderá dizer como dizer como será após o fim desse estoque." A Kia ainda conta com estoque para 30 dias de vendas e a JAC Motors para mais de 30 dias.
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