O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), em entrevista concedida ao Jornal do Terra na manhã desta segunda-feira, anunciou ser pré-candidato à prefeitura de São Paulo. Ele disse discordar de alegação da senadora Marta Suplicy, que teria dito que disputar as prévias com o ex-marido seria "constrangedor".
"É hora de o PT aperfeiçoar o sistema previsto no estatuto, com prévias precedidas de debates. Temos bons pré-candidatos (para a prefeitura de São Paulo), vou citar alguns, já nomeados e circulando pela imprensa: Marta Suplicy, o ministro e meu ex-colega no Senado Aloizio Mercadante, os ministros Fernando Haddad, da Educação, e Alexandre Padilha, da Saúde, o deputado Jilmar Tatto se diz candidato, os deputados Paulo Teixeira e Arlindo Chinaglia... Eu próprio me coloco como pré-candidato", anunciou.
Suplicy ainda reiterou ser favorável ao fim do sigilo eterno de documentos, defendeu que fosse instaurada a Comissão da Verdade e garantiu ter estimulado o ex-ministro-chefe da Casa Civil Antonio Palocci a prestar explicações espontaneamente no Senado.
Sigilo eterno de documentos oficiais
"Sou favorável a que não tenhamos sigilo eterno (para documentos oficiais). Claro que passamos, como seres humanos e como nação, por episódios que não são os mais dignificantes, mas acho importante que nós venhamos - e mesmo as nações vizinhas com que façamos fronteiras - a conhecê-los", disse Suplicy, acrescentando que um diálogo deve ser marcado entre os senadores e ex-presidentes para tratar do assunto.
"A escravidão foi altamente indigna, mas claro que esses fatos merecem vir à tona. O presidente americano Barack Obama anunciou recentemente que, depois de determinado período, não haverá mais qualquer sigilo para quaisquer documentos. Mesmo as nações europeias estão caminhando na direção de não haver mais sigilo eterno para os documetnos. Minha recomendação na bancada, e que tem um alto respaldo, é a de que toda a verdade venha à tona", afirmou o senador, que disse que, apesar de conhecer os motivos que levam o Ministério das Relações Exteriores a terem receio da divulgação de certos documentos, avalia que a levada a público de tais informações não traria maiores preocupações.
Prefeitura de São Paulo
Para Suplicy, o PT deve lançar candidatura própria à prefeitura da maior cidade do País sem firmar aliança com o PSD, sigla idealizada por Gilberto Kassab. "Certametne teremos candidatura como cabeça de chapa. Poderá haver alianças, mas acho muito difícl que haja aliança com o PSD do Kassab, até porque é intenção deles também ter candidatura própria. No caso de disputa entre PT e PSDB ou DEM no segundo turno, se o Kassab preferir a nossa candidatura, aí é uma questão em aberto", considerou.
Palocci
O senador disse ter ficado "preocupado" com as notícias sobre o enriquecimento de Antonio Palocci e que sugeriu que o então ministro-chefe da Casa Civil se apresentasse espontaneamente no Congresso para prestar explicações.
Ainda que Palocci tenha tentado esclarecer as circunstâncias de seu enriquecimento com os senadores petistas durante encontro, Suplicy disse que o ex-ministro não pôde revelar o nome das pessoas e empresas para as quais prestou consultoria.
Erradicação da miséria e renda mínima
Para Suplicy, é importante que os governos estaduais e municipais estejam sintonizados com o federal para que se efetive a erradicação da miséria no País. "Agora a presidente Dilma (Rousseff) quer uma busca ativa, com parceria de governos municipais e estaduais para o Brasil Sem Miséria", disse, se referindo à responsabilidade dos governos de irem ao encontro de pessoas em situação de pobreza extrema.

O senador comentou que a medida busca combater casos como a de moradores de rua que, em condição propícia para receberem auxílio do governo federal, não conseguem se cadastrar em programas como o Bolsa Família pela falta de documentação. "Cabe ao governo procurar, ir a onde estão esses desestruturados", disse, apontando que a aprovação, em 2002, do projeto que institui a renda mínima no Brasil pode contribuir para os objetivos econômicos do governo Dilma e para questões como a da segurança pública.
"As pessoas vão poder passar a dizer 'Não. Agora posso ter o meu sustento e aguardar para achar um trabalho em acordo com a minha vocação e vontade'", afirmou, em referência a quem hoje é obrigado a trabalhar para o tráfico ou se prostituir. Perguntado sobre quando esse projeto passará a vigorar, Suplicy brincou: "Quando todos os internautas do portal Terra disserem à presidente Dilma: 'Essa é uma boa ideia, vamos aplicá-la?'".