A Tom Maior levou para o Anhembi, na sexta-feira (4), uma parte da história de São Bernardo. Esperado até o último momento, o ex-presidente Lula não compareceu. A agremiação homenageou São Bernardo do Campo com o enredo Salve Salve São Bernardo, Pedaço do meu Brasil - Terra Mãe dos Paulistas, que o carnavalesco Chico Spinosa desenvolveu a partir de março de 2010.
Spinosa contou, antes do desfile, ainda no barracão da escola, que à princípio tinha outra ideia para o enredo, mas após a proposta da agremiação descobriu detalhes fantásticos sobre a história da cidade, entre eles, o hino de São Bernardo. "É um hino muito humano e que diz que bate mais forte o coração", diz. No brasão da cidade, Spinosa encontrou a frase "terra mãe dos paulistas" que o inspirou.
A partir disso, começou a desenvolver um enredo que pudesse simbolizar essa terra paulista e a buscar que tipo de homem vivia nela. O carnavalesco se pautou também nos pólos mais importantes da cidade e abordou no Anhembi a história dos colonizadores, a formação do povo e da terra de São Bernardo até chegar ao pólo cultural, já que a cidade foi sede da companhia cinematográfica Vera Cruz, uma das mais importantes do cinema nacional. "Dentro desse universo cultural, encontrei uma figura interessante, um homem que fez sucesso absoluto de bilheteria que é o Mazzaropi", afirmou Spinosa, enquanto fazia o acabamento em um dos carros alegóricos.
Lula-lá e a capital social do País - Lula não compareceu
Já o último carro que contou a trajetória do pólo automobilístico da cidade e do ex-presidente Lula. "Essa indústria automobilística poderosa faz pulsar São Bernardo, São Paulo e também o Brasil", defende o carnavalesco. Segundo ele, a escola queria falar de Lula de uma forma muito simples e direta. "Mostraremos a história de um homem pernambucano que veio trabalhar em São Bernardo, se casou, foi líder sindical, chegou à presidência da república e se transformou na figura pública que é o Lula", afirma.
O carnavalesco contou que o ex-presidente aceitou o convite da escola e deveria ser visto na avenida na noite de sexta. "O Lula se comprometeu a sair com a gente na Tom Maior. Ele me disse só não participa se acontecer alguma coisa com ele", disse Chico Spinosa antes do desfile.
Esta será a primeira vez que Lula é homenageado no Carnaval paulista e, para Spinosa, "está mais do que na hora de ele ser aclamado por essa cidade que o elegeu como presidente". Entretanto, mesmo muito esperado, Lula não apareceu decepcionando muito o carnavalesco e a agremiação da Tom Maior.
A agremiação levarou para a avenida aproximadamente 3 mil componentes, distribuídos entre cinco carros alegóricos e mais a alegoria-base da comissão de frente.
MPF veta uso de animais por Tom Maior
A escola de samba paulista Tom Maior foi advertida pelos Ministérios Públicos Estadual e Federal sobre o possível uso de uma iguana, uma jaguatirica e uma suçuarana no desfile de Carnaval na sexta-feira (4).
O MPF solicitou esclarecimentos por meio de um ofício ao presidente da agremiação, Marko Antonio da Silva, que deveria ter respondido até a última quarta-feira (2). Já o MPE confirmou ter enviado duas comunicações de audiências, uma agendada para quarta-feira (2) e outra para esta quinta-feira (3).
Questionado sobre o caso, Silva rebateu: "Na verdade eu não recebi intimação nenhuma sobre audiência, e sim, para prestar esclarecimentos sobre algo que ainda nem aconteceu. Como vou falar sobre algo que não existe?", indagou.
Perguntado sobre como estes rumores foram parar na mídia, chegando aos Ministérios Públicos Estadual e Federal, Silva disparou: "Acredito que foi a ignorância de algum repórter, pois houve uma brincadeira com a fantasia de algumas meninas e devem ter ouvido coisa errada. Onde vou arrumar esses animais?".
A assessoria de imprensa do MPF informou, antes do desfile, que não houve respostas ao ofício e adiantou que, caso a intenção seja levada adiante e os animais estiverem no desfile, os dirigentes serão encaminhados à delegacia.
O MPE também confirmou a ausência do presidente nas duas audiências e reiterou que o promotor responsável pelo caso, José Eduardo Ismal Lutti, acionou a polícia militar para um mandato de busca.
Crime ambiental
Segundo o site do MPF, a jaguatirica e a suçuarana são animais ameaçados de extinção. A utilização sem autorização, em situação que implique em maus-tratos, fere os artigos 29 e 32 da Lei nº 9.605/98, que podem resultar em penas de detenção tanto aos proprietários dos animais, quanto ao presidente da agremiação.
Ainda de acordo com divulgação do site do MPF, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), informou não ter recebido nenhum tipo de solicitação de autorização para transporte e exposição dos animais.