Especial Eleições 2010
O diretor-geral da Receita, Otacílio Cartaxo, afirmou nesta sexta-feira (27) que a instituição está "traumatizada", mas descartou que a quebra do sigilo fiscal de quatro pessoas ligadas ao presidenciável do PSDB, José Serra, tenha relação com o processo eleitoral. De acordo com ele, como também foram detectados acessos ao banco de dados da apresentadora da TV Globo, Ana Maria Braga, e de empresários da família Klein, dona das Casas Bahia, não se pode afirmar que os acessos imotivados tenham sido feitos por conta da eleição de outubro.
"A Receita se pauta pela legalidade, e não pelo tempo político. Os governos vêm e vão, mas a Receita, na qualidade de órgão de Estado, permanece sempre. Não vislumbro nenhuma motivação eleitoral. Foi uma mercantilização de venda de informações sigilosas", explicou o chefe do Fisco, que destacou que a instituição foi pega de "surpresa" com o episódio.
O corregedor-geral da Receita Federal, Antonio D'Ávila, afirmou hoje que existem indícios de que as servidoras Antonia Aparecida Neves Silva - que detinha cargo de confiança na agência da receita de Mauá, em São Paulo - e Adeilda Ferreira Leão dos Santos teriam recebido propina para acessar sem motivação os dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, do ex-ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, do ex-diretor da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) Ricardo Sérgio e de Gregorio Marin Preciado, ligado ao presidenciável José Serra(PSDB). A receita fará duas representações criminais no Ministério Público contra as servidoras por participação no episódio.
Cartaxo disse que o caso é de extrema a preocupação para a Receita Federal e para o Ministério da Fazenda. "Esse fato não só nos deixa extremamente constrangidos como instituição, mas também traumatizados. Foi um fato que nos alcançou de surpresa e para o qual estamos dedicando os melhores esforços para elucidação e punição dos culpados pela prática de tão grave infração administrativa e também penal", observou.
Para a Polícia Federal, no entanto, "nenhuma vertente de investigação", inclusive a motivação eleitoral, está descartada.
As investigações da Receita Federal são feitas no prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais 60. Os primeiros dois meses de investigação vencem no dia 1º de setembro."Não estamos preocupados com o calendário eleitoral. Com certeza não terminamos os processos administrativos disciplinares nos próximos 60 dias", declarou o corregedor-geral.