A ex-ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, se despediu do cargo nesta quarta-feira, junto com outros nove ministros. Em discurso emocionado na cerimônia de posse dos novos titulares de dez ministérios, Dilma disse que a despedida é apenas momentânea. Dilma deve concorrer à Presidência da República nas próximas eleições.
"Não estamos dizendo 'adeus', estamos dizendo 'até breve'. Nós não vamos nos dispersar, cada um dos ministros aqui tem um legado a defender onde quer que estejamos. Sob a sua influência, senhor presidente (Lula), quem fez tanto pode fazer muito mais e melhor. Hoje, sabemos que Brasil está pronto para dar novo e decisivo passo rumo à prosperidade econômica e social", afirmou.
Muito emocionada e quase chorando em alguns momentos do discurso, Dilma falou por todos os ministros que deixam os cargos - ela, inclusive - e deu as boas vindas aos novos titulares.
Dilma classificou como "alegria triste ou tristeza alegre" o sentimento de deixar o corpo de ministros do governo Lula. O discurso da ex-ministra foi direcionado ao presidente Lula, a quem agradeceu a oportunidade e a confiança. Chamou de "viúvos do Brasil" aqueles que não acreditam no que classificou como "a mudança mais profunda e mais importante que as gerações brasileiras experimentaram no País".
A ex-ministra afirmou que os novos ministros terão trabalho "em dobro" ao assumirem as pastas. "Cumprimento os que entram e desejo toda a sorte do mundo. É preciso ter sorte, até porque ninguém quer ministro 'pé-frio'. Vocês terão trabalho em dobro, mas poderão contar com todos, porque trabalho em equipe é a marca do presidente Lula", afirmou.
"Fui honrada pela sua confiança, digo para o senhor, presidente, que saímos melhores e maiores do que entramos. Nós participamos da mudança do Brasil e também mudamos. Isso, presidente, em qualquer experiência de vida é inestimável. Saímos felizes e revigorados, pessoas melhores são necessariamente felizes. Agora, sabemos que se trata de ampliar esse futuro que chegou no presente", disse.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, deve decidir hoje se deixa o cargo para concorrer ao Senado pelo Estado de Goiás. Em reunião nesta terça-feira com o presidente Lula - que pediu que o presidente do BC continuasse no cargo -, Meirelles pediu 24 horas para pensar na proposta.
Além de Dilma Rousseff, outros nove ministros deixam os cargos para concorrer às eleições deste ano. No lugar na ex-ministra da Casa Civil, entra a secretária-executiva da pasta, Erenice Guerra. Ao todo, 70% das trocas serão consolidadas com a nomeação dos secretários-executivos, cargo "número dois" na hierarquia dos ministérios.
Confira o quadro de ministros:
Agricultura: sai Reinhold Stephanes, que pretende concorrer ao cargo de deputado federal, e entra o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Wagner Rossi.
Comunicações: Hélio Costa deixa o posto para disputar o governo de Minas Gerais. Em seu lugar assume o chefe de gabinete do ministério, José Arthur Filardi Leite.
Desenvolvimento Social: Patrus Ananias, pré-candidato ao governo de Minas Gerais, deixa o cargo para a entrada da assistente social Márcia Lopes.
Igualdade Racial: Edson Santos será exonerado por querer concorrer a uma vaga de deputado federal pelo Rio de Janeiro e será substituído pelo secretário-executivo Elói Araújo.
Integração Nacional: Geddel Vieira Lima, que pretende ser candidato ao governo da Bahia, deixa o cargo. Assume o secretário-executivo João Santana.
Meio Ambiente: Carlos Minc deixa o cargo para concorrer a uma vaga de deputado estadual pelo Rio de Janeiro. Passa a responder pela pasta a secretária-executiva Izabella Teixeira.
Minas e Energia: Edison Lobão, que deixa o governo para tentar a reeleição no senado ou o posto de governador do Maranhão, será substituído pelo secretário-executivo Márcio Zimmermann.
Previdência Social: José Pimentel deixa o posto para disputar uma vaga de senador pelo Ceará. Assume o secretário-executivo Carlos Eduardo Gabas.
Transportes: Alfredo Nascimento será exonerado para concorrer a uma vaga de governador do Amazonas. Em seu lugar assume o secretário-executivo Paulo Sérgio Passos.