Não cometeu exagero o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, ao classificar de “espetacular” o crescimento de 30% esperado para a renda real do setor agrícola brasileiro neste ano. É de fato, um aumento notável, que terá forte impacto no consumo das principais regiões agrícolas do País e no plantio para a nova safra. Só por conta do aumento do rendimento dos agricultores, o governo já projeta uma expansão de pelo menos 5% na próxima colheita agrícola.
Mas não é apenas a renda do campo, estimulada pela recuperação dos preços internacionais dos principais produtos agrícolas de exportação do País, que merece a classificação utilizada pelo ministro. Também a produção de grãos da safra 2002-2003 deve apresentar números impressionantes. De acordo com o último levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção alcançará 115,2 milhões de toneladas, ou 19,1 % mais do que a safra 2001-2002, que foi de 96,7 milhões de toneladas.
A produção de soja deve chegar a 50,3 milhões de toneladas, batendo seu terceiro recorde anual sucessivo, com o aumento de 20,1% sobre a colheita anterior. Estima-se que nas duas safras de milho a produção atingirá o recorde de 42,8 milhões de toneladas, ou 21,2% mais do que o total atingido na safra anterior. Aumento significativo deverá ser registrado também na produção de trigo, que saltará de 2,91 milhões de toneladas para 4,5 milhões nesta safra. Esses números retratam a enorme vitalidade do campo.
Mas, mais do que nestes dados, o melhor resumo do espetacular - e aqui também vale a classificação - avanço da agricultura brasileira nos últimos anos talvez esteja na sua produtividade. De acordo com o Ministério da Agricultura, nos últimos 12 anos, enquanto a área plantada cresceu 17,7%, à média de 1% ao ano, a produção aumentou 99% ou 5,9% ao ano. Desses números conclui-se que a produtividade agrícola aumentou 77% no período, ou 4,9 % ao ano.
O excepcional aumento da eficiência da nossa produção rural resulta da profissionalização do produtor, que, como lembrou o ministro, cada vez mais busca informações tecnológicas e de mercado e se utiliza com intensidade crescente de sementes melhoradas, fertilizantes, análise e correção do solo, máquinas e equipamentos mais modernos. Com infra-estrutura e logística adequadas, a agricultura produzirá resultados cada vez melhores. Mas há um pressuposto inarredável: não permitir que toda esta fantástica conquista seja incinerada na pira ideológica dos radicais do MST.
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