A indicação do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho para o cargo de Secretário de Segurança Pública daquele estado , fez com que o tema da segurança assumisse o caráter de prioridade, em razão dos inúmeros acontecimentos de crescente violência, especialmente na cidade do Rio.
O ritmo acelerado de atos abomináveis cometidos pelo crime organizado, têm assustado as autoridades públicas , deixando a sociedade em pânico, e aumentando a demanda por ações que inibam a ousadia e a crueldade dos malfeitores, que infringem a lei, matam e praticam o terrorismo, à luz do dia, como num clima de guerra.
O Rio de Janeiro é o menor estado da região sudeste, possui a segunda maior densidade demográfica do País e a terceira maior população do Brasil. Apesar da violência, o estado do Rio tem no turismo sua principal fonte de receita . Cidades como Búzios e Cabo Frio (ao norte) e Angra dos Reis e Parati (ao sul), têm belíssimas praias. Na região serrana temos cidades que se destacam por conservar arquitetura e costumes da colonização alemã e suíça, como Petrópolis e Nova Friburgo; e ainda há Visconde de Mauá e Itatiaia, que se sobressaem pelo ecoturismo e pelas paisagens naturais. Mas, sem dúvida, é a “cidade maravilhosa” do Rio de Janeiro que mais atrai os turistas do mundo inteiro, que vêm apreciar as belezas naturais do Pão de Açúcar, do Corcovado, da floresta da Tijuca e das praias como Copacabana, Ipanema e Leblon. Há também as riquezas históricas do Vale do Paraíba, com suas 42 fazendas do século XIX (o auge do ciclo do café), que associam história, ecoturismo e turismo rural. Há também a Ilha Grande, que após ter desativado um antigo presídio, em 1994, tem atraído bastante visitantes.
O Rio de Janeiro, portanto, é um dos estados mais promissores do ponto de vista turístico, de rica tradição histórica, entre outras, por ter abrigado a capital brasileira, de 1822 a 1960. Foi após a revolução de 1930 que o Rio de Janeiro começou a entrar em decadência econômica e política; mas, com a transferência da capital nacional para Brasília, então o declínio do Rio foi inevitável. Os militares tentaram recuperar o prestígio político e econômico do Rio, fazendo grandes investimentos no estado, construindo, por exemplo, as usinas nucleares de Angra I e II, em Angra dos Reis, e implantando o pólo petrolífero na bacia de Campos, o mais produtivo da região.
Hoje, com a grave crise na área da segurança pública, o Rio de Janeiro vem evidenciando, de forma mais explícita, a corrosão da tessitura social. É o estado que possui o segundo maior número de presos no País (com 23.318, em 2000). O governo federal vem tomando medidas, mas a impressão é que o Estado já não tem mais força para conter o avanço do barbarismo em ascensão. Em junho de 2000, foi lançado o Programa Nacional de Segurança Pública, com 15 metas, entre elas, o combate ao narcotráfico e ao crime organizado. Em agosto de 2001, o governo federal assinou convênios, liberando 144,4 milhões de reais para o Distrito Federal e mais nove estados, entre eles o Rio de Janeiro. E então? Vamos assistindo, impotentes, a escalada da violência.
Vencer a violência não é tarefa de uma só pessoa ou apenas do estado. É esforço de toda a sociedade. É hora de somar. Temos que afirmar o estado de direito, os princípios democráticos, o respeito à pessoa humana, à dignidade da vida, em todos os seus aspectos. Precisamos urgentemente redescobrir o vigor moral, que alicerça todas as demais ações em prol da vida. E isso só será feito com estado e sociedade unidos.
(*) Valmor Bolan é doutor em Sociologia e diretor-geral da Faculdade Editora Nacional (Faenac) - valmorbolan@faenac.edu.br
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